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terça-feira, 9 de julho de 2013

LICANTROPIA E ZOANTROPIA

1. CONCEITO DE ZOANTROPIA 
A palavra Zoantropia tem origem do latim (zoo= animal e anthropos= homem) e é o fenômeno em que espíritos desencarnados devotados ao mal se tornam visíveis aos homens sob formas de animais, demonstrando assim sua degradação tanto moral, quanto espiritual. Esse processo de transformação também pode se dá através de uma metamorfose perispirítica, processada através de uma indução hipnótica, em que o desencarnado inferiorizado em suas culpas, ganha a forma animalesca. Uma das espécies de Zoantropia é a Licantropia e a Cinantropia que serão tratadas abaixo. 

2. LICANTROPIA 
Licantropia tem origem do vocábulo grego lykanthropía composto por Lykos (lobo) e tropos (forma), o que significa de acordo com o livro Estudando a Mediunidade de Martins Peralva “é o fenômeno pelo qual espíritos, pervertidos no crime, atuam sobre antigos comparsas, encarnados ou desencarnados, fazendo-os assumir atitudes idênticas às de certos animais.” No caso da licantropia o animal seria um lobo e a pessoa que sofre esse processo é chamada de Licantropo, que é uma palavra que tem origem do vocábulo grego lykaánthropos que significa: “ 1. Alienado que sofre de licantropia.. 2. Por extensão, Lobisomen.” 
É um caso de fascinação em que uma ilusão é produzida pela ação do Espírito sobre o pensamento do médium fazendo o acreditar em coisas absurdas e colocando-o em situações constrangedoras. De acordo com o artigo da Revista Cristã de Espiritismo, n° 35, onde o autor aborda a questão da Zoantropia, ele afirma que se trata de um caso de Subjugação, que de acordo com o Livro dos Médiuns (Capítulo XXIII) se trata de “uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado” o que não deixa de ser parecido com a fascinação. 
A licantropia pode ser agressiva ou deformante. No primeiro caso, a licantropia se expressa através da violência, da alucinação e pode chegar ao crime. Já o segundo é um caso extremo onde a pessoa imita os costumes, atitudes e posições de vários animais. 

3. CINANTROPIA 
A cinantropia é uma espécie da zoantropia onde o fenômeno em questão é igual a da Licantropia, mas o animal em que a pessoa se transforma é semelhante a um cachorro. Não constam muitos dados na literatura sobre o assunto. 

4. INFLUÊNCIAS MENTAIS 
De acordo com o artigo Corpo Astral da Revista Cristã de Espiritismo uma das características da “matéria espiritual” é o fato dela ser muito dócil à ação plasmatizante do pensamento. Ela sofre a ação do pensamento e se modela de acordo com as sugestões do mesmo. Essas sugestões são conhecidas como sugestões hipnóticas que são capazes de provocar as transformações perispirituais. Elas podem ser observadas sob dois aspectos: primeiro, através da auto-sugestão gerada por um sentimento de culpa, desenvolvidos através dos erros do passado; segundo, pela ação da mente de outro Espírito inferior, com o qual já há uma sintonia que explora os deslizes que o torna praticamente vulnerável. 
O autor Hermínio C. Miranda nos esclarece que “o hipnotizador, ou o magnetizador, não pode moldar, à sua vontade, o perispítio da sua vítima, mas ele sabe como movimentar forças naturais e os dispositivos mentais, de forma que o Espírito, manipulado com perícia, acaba por aceitar as sugestões e promover, no seu corpo perispiritual, as deformações e condicionamentos induzidos pelo operador das trevas que funciona como agente da vigança, por conta própria ou alheia. Nessas condições, a vítima acaba por assumir formas grotescas, perde o uso da palavra, assume as atitudes e as reações típicas dos animais e é segregado, por tempo imprevisível, de todo o convívio com criaturas humanas normais e equilibradas”. 
Então podemos concluir que afinidade e sintonia são elementos básicos para o estabelecimento do “pensamento de aceitação ou adesão”, conforme diz André Luiz no livro Mecanismos da Mediunidade. Através dos nossos comprometimentos com o passado, desenvolvidos por débitos cometidos junto com outros espíritos inferiorizados, com as quais ainda sintonizamos, poderemos ter a nossa vontade submetidas aos impérios hipnotizantes desses espiritos. 

5. CASOS DE ZOANTROPIA NA LITERATURA 
a) Libertação – André Luiz 
No livro Libertação, pelo Espírito André Luiz, no capítulo 5 “Operações seletivas” narra a visita de André Luiz e Gúbio a um edifício onde ocorria julgamentos no qual a função dos juízes era a “de selecionar delinqüentes, a fim de que as penas lavradas pela vontade de cada um sejam devidamente aplicadas em lugar e tempo justos”. Um deles foi de uma mulher que, diante dos juízes, confessou que matou quatro filhinhos inocentes e tenros e combinou o assassinato do próprio marido, entregando-se depois às “bebidas de prazer”, mas nunca pôde fugir da própria consciência. O juiz então fixou sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível olhar, e disse que a sentença foi lavrada por ela mesma e que ela não passava de uma loba. A medida que a afirmação era repetida, a mulher, profundamente influenciável, passou a se modificar, chegando ao resultado final da licantropia. André Luiz constatou, naquela exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispirítico. Segundo explicações espirituais, ela não passaria por essa humilhação se não a merecesse. No entanto, a renovação mental depende única e exclusivamente dela. Deus mantém a senda redentora sempre aberta a seus filhos. 

b) Nos Domínios da Mediunidade 
No capítulo 23, Fascinação, do livro Nos Domínios da Mediunidade, pelo espírito de André Luiz, há um caso de fascinação onde uma senhora é dominada por um obsessor com o qual teve uma ligação antiga em uma outra vida onde ela o induziu ao mal e por ela não corresponder ao seu devotamento, ele passou a persegui-lá. No fato presenciado por André Luiz, o obssesor hipnotiza a mulher, que influenciada, cai e coleia pelo chão, como se fosse uma irracional, quase uivando como uma loba ferida. Diante da situação, foram transmitidos passes e palavras de conforto para o restabelecimento da vítima. 

c) Diálogo com as sombras – Hermínio C. Miranda 
No livro Diálogo com as sombras de Hermínio C. Miranda, há o caso de um médium que se apresentou incorporado de um Espírito que não conseguia dizer nenhuma palavra e como estava totalmente animalizado, somente sabia rosnar e queria morder o Orientador. Mantinha as mãos fechadas como se fossem patas. O grupo conversou com ele tentando convencê-lo de que ele era um ser humano e não um animal. Após muitas preces comovidas e passes, ele começou a ficar mais calmo e pareceu ter readquirido sua forma humana, pois passou a “conferir” seus braços, pés, mãos, etc. 

d) Bíblia 
Há um caso de zoantropia na bíblia em Daniel, capítulo 4, versículo 25 a 34, onde narra a história do rei da Babiblônia, Nabucodonosor, que após sua exaltação onde disse que construiu a Babilônia para fazer dela sua mansão real e para servir à gloria de sua majestade, escutou uma voz que lhe disse “Isto é a ti, ó rei Nabucodonosor, se intima: O teu reino passará de ti a outro possuidor, e lançar-te-ão da companhia dos homens e a tua habitação será com as alimárias e feras: comerás feno como o boi, e sete tempos passarão por cima de ti, até que reconheças que o Excelso tem um poder absoluto sobre os remos dos homens, e que os dá a quem lhe apraz.” Assim, viveu como um animal durante sete anos, findo o período, ele retomou a forma humana, seu reino e o juízo, e reconheceu que o Altíssimo domina sobre a realeza glorificando a Deus e a Sua Justiça e reconheceu que diante Dele nenhum habitante da terra tem importância. 



6. TRATAMENTO ESPIRITUAL 

Os casos de licantropia são os mais dificies de serem resolvidos. De acordo com Áulus no livro Domínios da mediunidade: “Não basta arrancar o joio. É preciso saber até que ponto a raiz dele se entranha no solo com a raiz do trigo, para que não venhamos a esmagar um e outro.” 
O autor Hermínio C. Miranda afirma que: “O trabalho de resgate desses pobres irmãos, que chegam até a perder a consciência da sua própria indentidade, é tão difícil quão doloroso, e jamais poderá ser feito sem a mais ampla cobertura espiritual... eles se voltam contra o grupo mediúnico, que precisa estar preparado, resguardado na prece e em imaculada pureza de intenções”. 
Para revertemos esses casos de deformações do períspirito não são necessários nenhum produto farmacêutico convencional e sim, somente, o humilde arsenal terapêutico da medicina dos espíritos que é a prece, o passe, a cooperação dos irmãos espirituais, a água fluidificada, o amor e principalmente a fé. O perdão também é necessário nos casos em que a vítima se sente culpada pelos seus débitos passados e continuam se sintonizando com aqueles que participaram de seus atos errôneos. 
No caso descrito por Hermínio C. Mirando, no livro Diálogo com as Sombras, ele cita que durante as emissões de passes na vítima e as preces comovidas, eles também conversavam com ele, insistindo que o mesmo era um ser humano e não um animal. Foram ditas palavras amorosas, um tipo de sugestão hipnótica positiva, permitindo assim que ele restituísse sua forma perispiritual de ser humano. 
Com isso concluímos que a melhor forma de favorecer a cura de pessoas que estão sofrendo a atuação desses espíritos inferiores é o estudo diário e incessante do Evangelho e da Doutrina, o trabalho incessante na seara do bem e sempre ter presente no coração, o amor. 
Graças à reencarnação todos os que hoje estão perdidos nos mundos inferiores poderão se redimir e resgatar as suas dividas. Podendo assim, alcançar as bênçãos divinas. 

Pesquisa realizada por Mariana Ferreira Borges Estrela

7. Obras consultadas

- Estudando a Mediunidade - Martins Peralva; 26ª Ed., FEB. 
- Nos Domínios da Mediunidade – Francisco Cândido Xavier; 23ª Ed., FEB. 
- Libertação - Francisco Cândido Xavier; 31ª Ed., FEB. 
- Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda; 13ª Ed., FEB. 
- Revista Cristã de Espiritismo, n° 35 – Zoantropia. 
- Revista Cristã do Espiritismo, n°, Psicopatologia do Perispírito. 
- Revista Cristã de Espiritismo, n° 25 – Artigo Corpo Astral.

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