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quinta-feira, 29 de maio de 2014

BEZERRA DE MENEZES - BIOGRAFIA

Nome: Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti. 
Natural: Riacho do Sangue - CE 
Nascimento: 29 de agosto de 1831 
Desencarne: 11de abril de 1900 
Profissão: Médico, Redator e político (vereador, prefeito, deputado e senador) 
Família: 1ª esposa - Maria Cândida de Lacerda (desencarnou em 24 de março de 1863) com quem teve dois filhos; 2ª esposa - Cândida Augusta de Lacerda Machado com quem teve sete filhos.
Obras literárias: A casa assombrada; A loucura sob novo prisma; A Doutrina Espírita como filosofia teogônica (Uma carta de Bezerra de Menezes); Casamento e mortalha; Pérola Negra; Evangelho do Futuro. Também traduziu o livro Obras Póstumas de Allan Kardec.
Descendente de família antiga no Ceará ligada à política e ao militarismo, foi educado segundo padrões rígidos e princípios da religião católica. Aos sete anos de idade entrou para a escola pública da Vila Frade, aprendendo os primeiros passos da educação elementar. Em 1842 sua família muda-se para o Rio Grande do Norte, em conseqüência de perseguição política. Matriculou-se na aula pública de latinidade na antiga vila de Maioridade. Em dois anos preparou-se naquela língua de modo a substituir o professor.
Em 1846, a família novamente se muda para o Ceará, fixando residência na capital. Entrou para o Liceu, ali existente, e completou seus estudos preparatórios como o primeiro aluno do Liceu. No ano de 1851, o mesmo da morte de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, ingressando no ano seguinte, como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Para poder estudar, dava aulas de Filosofia e Matemáticas. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina, defendendo a tese: "Diagnóstico do cancro". Candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento", sendo empossado em 1º de junho de 1857. Em 1858 foi nomeado "cirurgião-tenente". Também sendo, no período de 1859-61, redator dos "Anais Brasilienses de Medicina" da Academia Imperial de Medicina.
Casou-se com Maria Cândida de Lacerda, em 6 de novembro de 1858, que faleceu a 24 de março de 1863, deixando-lhe 2 filhos.
Em 1861 inicia sua carreira política, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro, tendo que demitir-se do Corpo de Saúde do Exército. Na Câmara Municipal da Corte desenvolveu grande trabalho em favor do "Município Neutro", na defesa dos humildes e necessitados. Foi reeleito para o período de 1864-1868. Retornou à política no período de 1873 à 1881, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal da Corte, efetivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia ao de prefeito nos dias atuais, nunca obtendo favores do governo para as suas candidaturas. Foi eleito deputado geral do Rio de Janeiro de 1867, no entanto a Câmara foi dissolvida no ano seguinte e o Dr. Bezerra só exerceria o papel de deputado no período de 1878 à 1885, sem jamais ter contra ele qualquer ato que desabonasse sua vida pública.
Criou a Companhia de Estradas de Ferro Macaé a Campos, e construiu aquela ferrovia vencendo inúmeras dificuldades. Empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, foi diretor da Companhia Arquitetônica e presidente da Carris Urbanos de São Cristóvão. Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.
Durante a campanha abolicionista com espírito prudente e ponderado escreveu "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extinguí-la sem danos para a Nação". Expôs os problemas de sua terra, no estudo "Breves considerações sobre as secas do Norte". Escreveu ainda biografias sobre homens célebres. Foi redator de "A Reforma" órgão liberal na Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade", concluindo sua carreira política no ano 1885.
Conheceu o Espiritismo no ano 1875, através de um exemplar de O Livro dos Espíritos, oferecido pelo seu tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos. Lançado em 883 o "Reformador", tornou-se seu colaborador escrevendo comentários judiciosos sobre o Catolicismo. No dia 16 de agosto de 1886, ante um auditório de pessoas da "melhor sociedade", proclamava solenemente a sua adesão ao Espiritismo, tendo inclusive direito à uma nota publicada pelo jornal "O Paiz" em tons elogiosos.
Passou então a escrever livros que se tornariam célebres no meio espírita. Em 1889, como presidente da FEB, iniciou o estudo metódico de "O Livro dos Espíritos". Traduziu o livro "Obras póstumas". Durante um período conturbado do movimento espírita manteve-se afastado do meio tendo hábito somente a freqüência ao Grupo Ismael no qual eram estudadas obras de Kardec e Roustaing., enquanto a FEB declinava por problemas financeiros. Foi convidado a assumir a presidência FEB, cuja conseqüência foi a vinculação da Federação ao Grupo Ismael e a Assistência aos Necessitados. Nesta ocasião foi redator-chefe do Reformador. Defendeu o direitos e a liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal. Presidiu outras instituições espíritas e terminou esta existência no dia 11 de abril de 1900, recebendo na primeira página de "O Paiz" um longo necrológico, chamando-lhe de "eminente brasileiro", e honras da Câmara Municipal da Corte pela conduta e pelos serviços dignos.
Fonte:http://www.nossosaopaulo.com.br/Espiritismo/BezerraDeMenezes.htm

Consciência de Culpa

A consciência de culpa atinge o mundo íntimo da criatura, na qualidade de um autêntico flagelo.
A partir do momento em que se instala, desequilibra as emoções e pode levar à loucura.
A consciência pesada evidencia uma certa imaturidade psicológica, pois denota que a pessoa agiu em descompasso com seus valores ou ideais, ou o fez sem refletir, em um rompante.
O indivíduo por vezes se permite comportamentos incorretos, que lhe agradam às sensações, para posteriormente se auto-punir, entregando-se a arrependimento estéril.
A ciência dos erros passados pune com rudeza o infrator, perante si próprio, mas não o corrige para o futuro.
O cumprimento de uma penitência, embora constitua evento doloroso, nada repara e por isso não traz a plenitude psicológica curativa promovida pelas ações positivas.
O que foi feito não mais pode ser impedido ou evitado.
Disparada uma flecha, ela segue seu rumo.
Se uma ação foi ruim, o importante é reparar os danos que causou.
Todo homem que se considera fraco, não desenvolvendo esforços para fortalecer-se, torna-se de fato débil de forças.
É um sinal de covardia e infantilidade justificar um erro com auto-flagelação, sem sanar as conseqüências, tornando a ele na primeira oportunidade, sob a alegação de fraqueza.
É nobre assumir o próprio equívoco, meditar serenamente sobre ele, arcar de forma corajosa com seus efeitos e repará-los do modo mais perfeito possível.
O difícil processo de reverter os resultados de um ato indigno tende a ser eficiente antídoto para novas experiências.
Tome-se o exemplo de uma mulher que voluntariamente faz um aborto.
Sua consciência pesa e ela pode desenvolver neuroses variadas, mantendo a mente focada no agir equivocado, a essa altura irremediável.
Mas essa mulher também pode, de modo muito mais proveitoso, dedicar as horas de seu tempo dispensando amor e cuidados a crianças órfãs.
Ela teve a desdita de rejeitar o filho que Deus, em sua infinita sabedoria, lhe confiou, mas nada a impede de adotar, por filhos do coração, os pequenos desamparados do mundo.
O tempo aplicado nessa tarefa é infinitamente mais útil do que se for perdido em lamentações.
Além de desempenhar, de certa forma, a missão materna que lhe estava destinada, o contato com a infância desvalida pode sensibilizá-la para as inefáveis bênçãos da maternidade.
Tudo isso tem o condão de funcionar como medida preventiva de novos desatinos.
Por outro lado, o remorso inativo e estéril, ao desequilibrar a personalidade abre as portas para os mais diversos equívocos, dos quais nada de bom resulta.
A partir do momento em que se elege como meta uma vida de paz, com a consciência tranqüila, há um preço a ser pago: a perseverança no dever.
Dignidade, harmonia, equilíbrio entre consciência e conduta não ocorrem ao acaso e nem se podem improvisar.
Tais virtudes devem ser conquistadas no dia-a-dia, mediante seu perseverante exercício.
Mas, em face de dificuldades para agir corretamente, por uma atitude viciosa encontrar-se muito arraigada, há sempre um derradeiro recurso: a oração.
*
Deus dispõe de infinito manancial de paz, sempre à disposição de suas criaturas, desde que estas o busquem com sinceridade e fervor.
O homem manifestando a firme intenção de resistir ao mal, a divindade por certo o fortalecerá no bem, pois foi o próprio Cristo quem afirmou: "pedi e obtereis".

Equipe de Redação do Momento Espírita. Texto baseado no capítulo IX do livro Momentos de Saúde, do Espírito Joanna de Ângelis, mediante a psicografia de Divaldo Pereira Franco..
Fonte:http://www.reflexoesespiritas.org/mensagens-espiritas/2225-consciencia-de-culpa

O Evangelho segundo o Espiritismo

Allan Kardec
(Parte 27)
 
Damos prosseguimento ao estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864. As respostas às questões sugeridas para debate encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate 

A. Podemos acreditar em todos os Espíritos que se comunicam?
B. Quais são as características do verdadeiro profeta?
C. Qual é um dos maiores escolhos da prática mediúnica?
D. É verdade que Jesus também admitia o divórcio?
Texto para leitura 
282. A figueira seca representa as árvores cobertas de folhas, porém baldas de frutos. Por isso é que Jesus as condena à esterilidade, porquanto dia virá em que se acharão se­cas até à raiz. Quer dizer que todos os sistemas, todas as doutrinas que nenhum bem para a Humanidade houverem produzido, cairão reduzidos a nada; que todos os homens deliberadamente inúteis, por não terem posto em ação os recursos que traziam consigo, serão tratados como a figueira que se­cou. (Cap. XIX, item 9.)
283. Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atenta­mente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou. A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor? (Cap. XIX, item 11, José.)
284. O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres. (Cap. XIX, item 12, um Espírito protetor.)
285. "Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família, dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor. Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo re­ceber um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom? Assim, os últimos serão os pri­meiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos." (Mateus, cap. XX, vv. 1 a 16.) (Cap. XX, item 1.)
286. O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de em­pregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má von­tade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o trabalho. Laborioso, apenas lhe faltava o labor. (Cap. XX, item 2, Constantino.)
287. Se, porém, se houvesse negado ao trabalho a qualquer hora do dia; se houvesse dito: "Tenhamos paciência, o repouso me é agradável; quando soar a última hora é que será tempo de pensar no salário do dia; que necessi­dade tenho de me incomodar por um patrão a quem não conheço e não estimo! quanto mais tarde, melhor" –  esse tal, meus amigos, não teria tido o salá­rio do obreiro, mas o da preguiça. (Cap. XX, item 2, Constantino.)
288. Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora. Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha, sem que quisésseis pene­trar nela! Eis-vos no momento de embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça, mais não é do que um instante fugitivo na imensidade dos tem­pos que formam para vós a eternidade. (Cap. XX, item 2, Constantino.)
289. Na linguagem de Jesus, os obreiros que chegaram na primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as etapas do pro­gresso, as quais continuaram a ser assinaladas através dos séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos fi­lósofos e, finalmente, pelos espíritas. (Cap. XX, item 3, Henri Heine.)
290. Últimos chegados, os espíritas aproveitam dos labores intelectuais dos seus predecessores, porque o homem tem de herdar do homem e porque co­letivos são os trabalhos humanos: Deus abençoa a solidariedade. Aliás, muitos dentre aqueles revivem hoje, ou reviverão amanhã, para terminarem a obra que começaram outrora. Mais de um patriarca, mais de um profeta, mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã se en­contram no meio deles, porém, mais esclarecidos, mais adiantados, traba­lhando, não já na base e sim na cumeeira do edifício. Receberão, pois, salário proporcional ao valor da obra. (Cap. XX, item 3, Henri Heine.)
291. Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. (Cap. XX, item 4, Erasto.) 

Respostas às questões propostas

A. Podemos acreditar em todos os Espíritos que se comunicam?  
Não. João Evangelista, no cap. IV de sua 1ª Epístola, já nos advertira quanto a isso: “Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre morais, nunca materiais. Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXI, itens 6 e 7.)
B. Quais são as características do verdadeiro profeta?  
Os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe deem crédito. (Obra citada, cap. XXI, item 9.)
C. Qual é um dos maiores escolhos da prática mediúnica?  
A mistificação, o engano, o logro em que muitos médiuns caem, quando não se precatam bastante. Aí se encontra um dos maiores escolhos da prática mediúnica, em que muitos funestamente esbarram, mormente se são novatos no Espiritismo. É-lhes isso uma prova de que só com muita prudência podem triunfar. Devemos, pois, aprender, antes de tudo, a distinguir os bons e os maus Espíritos, para não sermos também vítimas dos falsos profetas. (Obra citada, cap. XXI, itens 11 e 12.)
D. É verdade que Jesus também admitia o divórcio? 
Sim. Jesus manifestou-se claramente contra o divórcio e o admitia tão-somente no caso de adultério. Suas palavras, conforme o Evangelho de Mateus (19:3-9), não deixam dúvidas quanto a isso: “Por isso eu vos declaro que aquele que despede sua mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher que outro despediu também comete adultério”. (Obra citada, cap. XXII, itens 1 e 5.)
 
 Fonte:http://www.oconsolador.com.br/ano7/321/empk.html

Viver com desprendimento

Conta-se que Diógenes destacou-se entre os sábios gregos e chegou a ser professor de Alexandre da Macedônia.
Um dia, começou a questionar os costumes do seu tempo e a necessidade dos bens materiais.
Resolveu adotar uma vida totalmente desprendida e ficou morando dentro de uma barrica, tendo para seu uso pessoal somente uma cuia com água.
Depois de algum tempo descobriu que nem mesmo da cuia ele precisava, pois, usando suas duas mãos, poderia pegar água para beber ou para limpar-se. Jogou a cuia fora.
Quando Alexandre invadiu a Grécia, fez questão de visitar aquele seu antigo professor.
Encontrou-o sob o sol, junto à barrica, entregue aos próprios pensamentos, e lhe disse:Você já deve saber que conquistei a Grécia e que todas estas terras agora fazem parte do meu império. Como você foi meu professor e sempre o admirei, quero recompensá-lo de alguma forma. Diga-me: O que você deseja?
Houve um momento de silêncio. Alexandre e todos os integrantes de sua escolta aguardavam com curiosidade a resposta do filósofo.
Posso pedir mesmo? - disse Diógenes.
Sim, peça.
O que desejo é que você saia da frente do sol, pois está impedindo que seus raios quentes toquem o meu corpo.
Alexandre não respondeu. Apenas saiu da frente do sol e, naquele pequeno gesto, tentou compreender a filosofia de vida do seu antigo mestre.
Olhou mais uma vez para Diógenes em sua barrica, olhou para seus soldados, tomou as rédeas do seu cavalo e seguiu seu caminho, rumo à conquista da Ásia.
*   *   *
Incontestavelmente, o desprendimento dos bens terrenos é uma necessidade lógica.
É verdade que ninguém precisa desprezar os bens que conquistou com o próprio esforço, pois esses constituem legítima propriedade.
No entanto, é preciso treinar o desprendimento desses bens que um dia ficarão sob o pó da terra.
Além disso, há grande diferença entre possuir bens materiais e se deixar possuir por eles.
Conforme afirmou um grande pensador: O tesouro do sábio é a sua mente, e o do tolo, são seus bens.
Sim, porque o verdadeiro tesouro é aquele que podemos levar conosco para onde formos. Inclusive na viagem de volta ao mundo espiritual.
Assim, os bens materiais e todos os recursos que estão em nossas mãos, sob nossa administração temporária, devem servir para fomentar o nosso progresso e também o daqueles que convivem conosco, parentes ou não.
Quando as riquezas terrenas geram salário, saúde, educação e oportunidades dignas para o ser humano, são geradoras de tesouros nos céus, e garantem o bem estar do Espírito imortal que delas fez bom uso.
Mas, quando as riquezas servem apenas para deleite daquele que as detém, geram infelicidade e desgosto no além-túmulo.
*   *   *
O homem moderno, levado pela sede de conquistar mais e mais, esquece-se de si mesmo.
Conquista o Sistema Solar, mas perde a paz.
Descobre o mecanismo da vida e despreza a própria existência.
Realiza incursões vitoriosas nas partículas que compõem o átomo, mas desagrega-se interiormente.
Sonha com o amor, e se entorpece nas paixões infelizes.
Aspira à felicidade, mas se intoxica nos gozos brutalizantes.
Importantes, sim, as conquistas intelectuais que geram o progresso e o bem-estar da Humanidade...
No entanto, é imprescindível cultivar o solo dos corações, onde as flores das virtudes possam germinar e crescer, gerando felicidade e paz verdadeiras.
 
Redação do Momento Espírita, com base em história extraída do site http:www.gretz.com.br 
e na Apresentação do livro Florações evangélicas, pelo Espírito Joanna de Angelis, 
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 04.05.2009.
http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1079&stat=0

Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores

Quando pronunciamos as palavras “perdoa as nossas dividas, assim como perdoamos aos nossos devedores”, não apenas estamos à espera do benefício para o nosso coração e para a nossa consciência, mas estamos igualmente assumindo o compromisso de desculpar os que nos ofendem. 





Todos possuímos a tendência de observar com evasivas os grandes defeitos que existem em nós, reprovando, entretanto, sem exame, pequeninas faltas alheias.





Por isso mesmo Jesus, em nos ensinando a orar, recomendou-nos esquecer qualquer mágoa que alguém nos tenha causado. 





Se não oferecermos repouso à mente do próximo, como poderemos aguardar o descanso para os nossos, pensamentos? 


Será justo conservar todo o pão, em nossa casa, deixando a fome aniquilar a residência do vizinho? 





A paz é também alimento da alma, e, se desejamos tranqüilidade para nós, não nos esqueçamos do entendimento e da harmonia que devemos aos demais. 


Quando pedirmos a tolerância do Pai Celeste em nosso favor, lembremo-nos também de ajudar aos outros com a nossa tolerância. 


Auxiliemos sempre. 





Se o Senhor pode suportar-nos e perdoar-nos, concedendo-nos constantemente novas e abençoadas oportunidades de retificação, aprendamos, igualmente, a espalhar a compreensão e o amor, em benefício dos que nos cercam. 





Autor: Meimei
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Pai Nosso
Fonte:http://www.oespiritismo.com.br/mensagens/ver.php?id1=515

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Carta de Allan Kardec ao Príncipe G.

Autor: Allan Kardec

Vossa Alteza honrou-me dirigindo-me várias 
perguntas referentes ao Espiritismo; vou tentar 
respondê-las, tanto quanto o permita o estado 
dos conhecimentos atuais sobre a matéria, 
resumindo em poucas palavras o que o estudo e 
a observação nos ensinaram a esse respeito. 
Essas questões repousam sobre os princípios da 
própria ciência: para dar maior clareza à solução, 
é necessário ter esses princípios presentes no 
pensamento; permita-me, pois, tomar a coisa de 
um ponto mais alto, colocando como 
preliminares certas proposições fundamentais 
que, de resto, elas mesmas servirão de resposta 
a algumas de vossas perguntas.

Há, fora do mundo corporal visível, seres 
invisíveis que constituem o mundo dos Espíritos.

Os Espíritos não são seres à parte, mas as 
próprias almas daqueles que viveram na Terra ou 
em outras esferas, e que deixaram seus 
envoltórios materiais.

Os Espíritos apresentam todos os graus de 
desenvolvimento intelectual e moral. Há, por 
conseqüência, bons e maus, esclarecidos e 
ignorantes, levianos, mentirosos, velhacos, 
hipócritas, que procuram enganar e induzir ao 
mal, como os há muitos superiores em tudo, e 
que não procuram senão fazer o bem. Essa 
distinção é um ponto capital.

Os Espíritos nos cercam sem cessar, com o nosso 
desconhecimento, dirigem os nossos 
pensamentos e as nossas ações, e por aí
influem sobre os acontecimentos e os destinos 
da Humanidade.

Os Espíritos, freqüentemente, atestam sua 
presença por efeitos materiais. Esses efeitos 
nada têm de sobrenatural; não nos parecem tal 
senão porque repousam sobre bases fora das leis 
conhecidas da matéria. Uma vez conhecidas 
essas bases, o efeito entra na categoria dos 
fenômenos naturais; é assim que os Espíritos 
podem agir sobre os corpos inertes e fazê-los 
mover sem o concurso de nossos agentes 
exteriores. Negar a existência de agentes 
desconhecidos, unicamente porque não são 
compreendidos, seria colocar limites ao poder de 
Deus, e crer que a Natureza nos disse sua última 
palavra.

Todo efeito tem uma causa; ninguém o contesta. 
É, pois, ilógico negar a causa unicamente porque 
seja desconhecida.

Se todo efeito tem uma causa, todo efeito 
inteligente deve ter uma causa inteligente. 
Quando se vê o braço do telégrafo fazer sinais 
que respondem a um pensamento, disso se 
conclui, não que esses braços sejam inteligentes, 
mas que uma inteligência fá-los moverem-se. 
Ocorre o mesmo com os fenômenos espíritas. Se 
a inteligência que os produz não é a nossa, é 
evidente que ela está fora de nós.

Nos fenômenos das ciências naturais, atua-se 
sobre a matéria inerte, que se manipula à 
vontade; nos fenômenos espíritas age-se sobre 
inteligências que têm seu livre arbítrio, e não 
estão submetidas à nossa vontade. Há, pois, 
entre os fenômenos usuais e os fenômenos 
espíritas uma diferença radical quanto ao 
princípio: por isso, a ciência vulgar é 
incompetente para julgá-los.

O Espírito encarnado tem dois envoltórios, um 
material que é o corpo, o outro semi-material e 
indestrutível que é o perispírito. Deixando o 
primeiro, conserva o segundo que constitui para 
ele uma espécie de corpo, mas cujas 
propriedades são essencialmente diferentes. Em 
seu estado normal, é invisível para nós, mas 
pode tornar-se momentaneamente visível e 
mesmo tangível: tal é a causa do fenômeno das 
aparições.

Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, 
indefinidos, mas seres reais e limitados, tendo 
sua própria existência, que pensam e agem em 
virtude de seu livre arbítrio. Estão por toda parte, 
ao redor de nós; povoam os espaços e se 
transportam com a rapidez do pensamento.

Os homens podem entrar em relação com os 
Espíritos e deles receberem comunicações diretas 
pela escrita, pela palavra e por outros meios. Os 
Espíritos, estando ao nosso lado e podendo 
virem ao nosso chamado, pode-se, por certos 
intermediários, estabelecer com eles 
comunicações seguidas, como um cego pode 
fazê-lo com as pessoas que ele não vê.

Certas pessoas são dotadas, mais do que outras, 
de uma aptidão especial para transmitirem as 
comunicações dos Espíritos: são os médiuns. O 
papel do médium é o de um intérprete; é um 
instrumento do qual se servem os Espíritos: esse 
instrumento pode ser mais ou menos perfeito, e 
daí as comunicações mais ou menos fáceis.

Os fenômenos espíritas são de duas ordens: as 
manifestações físicas e materiais, e as 
comunicações inteligentes. Os efeitos físicos são 
produzidos por Espíritos inferiores; os Espíritos 
elevados não se ocupam mais dessas coisas 
quanto nossos sábios não se ocupam em 
fazerem grandes esforços: seu papel é de instruir 
pelo raciocínio.

As comunicações podem emanar de Espíritos 
inferiores, como de Espíritos superiores. 
Reconhecem-se os Espíritos, como os homens, 
pela sua linguagem: a dos Espíritos superiores é 
sempre séria, digna, nobre e marcada de 
benevolência; toda expressão trivial ou 
inconveniente, todo pensamento que choque a 
razão ou o bom senso, que denote orgulho, 
acrimônia ou malevolência, necessariamente, 
emana de um Espírito inferior.

Os espíritos elevados não ensinam senão coisas 
boas; sua moral é a do Evangelho, não pregam 
senão a união e a caridade, e jamais enganam. 
Os Espíritos inferiores dizem absurdos, mentiras, 
e, freqüentemente, grosserias mesmo.

A bondade de um médium não consiste somente 
na facilidade das comunicações, mas, sobretudo, 
na natureza das comunicações que recebe. Um 
bom médium é aquele que simpatiza com os 
bons Espíritos e não recebe senão boas 
comunicações.

Todos temos um Espírito familiar que se liga a 
nós desde o nosso nascimento, nos guia, nos 
aconselha e nos protege; esse Espírito é sempre 
bom.

Além do Espírito familiar, há Espíritos que são 
atraídos para nós por sua simpatia por nossas 
qualidades e nossos defeitos, ou por antigas 
afeições terrestres. Donde se segue que, em toda 
reunião, há uma multidão de Espíritos mais ou 
menos bons, segundo a natureza do meio.

Podem os Espíritos revelar o futuro?

Os Espíritos não conhecem o futuro senão em 
razão de sua elevação. Os que são inferiores não 
conhecem mesmo o seu, por mais forte razão o 
dos outros. Os Espíritos superiores o conhecem, 
mas não lhes é sempre permitido revelá-lo. Em 
princípio, e por um desígnio muito sábio da 
Providência, o futuro deve nos ser ocultado; se o 
conhecêssemos, nosso livre arbítrio seria por 
isso entravado. A certeza do sucesso nos tiraria o 
desejo de nada fazer, porque não veríamos a 
necessidade de nos dar ao trabalho; a certeza de 
uma infelicidade nos desencorajaria. Todavia, há 
casos em que o conhecimento do futuro pode ser 
útil, mas deles jamais podemos ser juizes: os 
Espíritos no-los revelam quando crêem útil e têm 
a permissão de Deus; fazem-no 
espontaneamente e não ao nosso pedido. E 
preciso esperar, com confiança a oportunidade, e 
sobretudo não insistir em caso de recusa, de 
outro modo se arrisca a relacionar-se com 
Espíritos levianos que se divertem às nossas 
custas.

Podem os Espíritos nos guiar, por conselhos 
diretos, nas coisas da vida?

Sim, eles o podem e o fazem voluntariamente. 
Esses conselhos nos chegam diariamente pelos 
pensamentos que nos sugerem. Freqüentemente, 
fazemos coisas das quais nos atribuímos o 
mérito, e que não são, na realidade, senão o 
resultado de uma inspiração que nos foi 
transmitida. Ora, como estamos cercados de 
Espíritos que nos solicitam, uns num sentido, os 
outros no outro, temos sempre o nosso livre 
arbítrio para nos guiar na escolha, feliz para nós 
quando damos a preferência ao nosso bom 
gênio.

Além desses conselhos ocultos, pode-se tê-los 
diretos por um médium; mas é aqui o caso de se 
lembrar dos princípios fundamentais que 
emitimos a toda hora. A primeira coisa a 
considerar é a qualidade do médium, senão o for 
por si mesmo. Médium que não tem senão boas 
comunicações, que, pelas suas qualidades 
pessoais não simpatiza senão com os bons 
Espíritos, é um ser precioso do qual podem-se 
esperar grandes coisas, se todavia for secundado 
pela pureza de suas próprias instruções e se 
tomadas convenientemente: digo mais, é um 
instrumento providencial.

O segundo ponto, que não é menos importante, 
consiste na natureza dos Espíritos aos quais se 
dirigem, e não é preciso crer que o primeiro que 
chegue possa nos guiar utilmente. Quem não 
visse nas comunicações espíritas senão um meio 
de adivinhação, e em um médium uma espécie 
de ledor de sorte, se enganaria estranhamente. É 
preciso considerar que temos, no mundo dos 
Espíritos, amigos que se interessam por nós, 
mais sinceros e mais devotados do que aqueles 
que tomam esse título na Terra, e que não têm 
nenhum interesse em nos bajular e em nos 
enganar. Além do nosso Espírito protetor, são 
parentes ou pessoas que se nos afeiçoaram em 
sua vida, ou Espíritos que nos querem o bem por 
simpatia. Aqueles vêm voluntariamente quando 
são chamados, e vêm mesmo sem que sejam 
chamados; temo-los, freqüentemente, ao nosso 
lado sem disso desconfiar. São aqueles aos quais 
pode-se pedir conselhos pela via direta dos 
médiuns, e que os dão mesmo espontaneamente 
sem que lhes peça. Fazem-no sobretudo n a 
intimidade, no silêncio, e então quando nenhuma 
influência venha perturbá-los: aliás, são muito 
prudentes, e não se tem a temer da sua parte 
uma indiscrição imprópria: eles se calam quando 
há ouvidos demais. Fazem-no, ainda com mais 
bom grado, quando estão em comunicação 
freqüente conosco; como eles não dizem as 
coisas senão com o propósito e segundo a 
oportunidade, é preciso esperar a sua boa 
vontade e não crer que, à primeira vista, vão 
satisfazer a todos os nossos pedidos; querem 
nos provar com isso que não estão às nossas 
ordens.

A natureza das respostas depende muito do 
modo como se colocam as perguntas; é preciso 
aprender a conversar com os Espíritos como se 
aprende a conversar com os homens: em todas 
as coisas é preciso a experiência. Por outro lado, 
o hábito faz com que os Espíritos se identifiquem 
conosco e com o médium, os fluidos se 
combinam e as comunicações são mais fáceis; 
então se estabelece, entre eles e nós, verdadeiras 
conversações familiares; o que não dizem num 
dia, dizem-no em outro; eles se habituam à 
nossa maneira de ser, como nós à sua: fica-se, 
reciprocamente, mais cômodo. Quanto à 
ingerência de maus Espíritos e de Espíritos 
enganadores, o que é o grande escolho, a 
experiência ensina a combatê-los, e pode-se 
sempre evitá-los. Se não se lhes expuser, não 
vêm mais onde sabem perder seu tempo.

Qual pode ser a utilidade da propagação das 
idéias espíritas?

O Espiritismo, sendo a prova palpável, evidente 
da existência, da individualidade e da 
imortalidade da alma, é a destruição do 
Materialismo. Essa negação de toda religião, essa 
praga de toda sociedade. O número dos 
materialistas que foram conduzidos a idéias mais 
sadias é considerável e aumenta todos os dias: 
só isso seria um benefício social. Ele não prova 
somente a existência da alma e sua imortalidade; 
mostra o estado feliz ou infeliz delas segundo os 
méritos desta vida. As penas e as recompensas 
futuras não são mais uma teoria, são um fato 
patente que se tem sob os olhos. Ora, como não 
há religião possível sem a crença em Deus, na 
imortalidade da alma, nas penas e nas 
recompensas futuras, se o Espiritismo conduz a 
essas crenças aqueles em que estavam apagadas, 
disso resulta que é o mais poderoso auxiliar das 
idéias religiosas: dá a religião àqueles que não a 
têm; fortifica-a naqueles em que ela é vacilante; 
consola pela certeza do futuro, faz aceitar com 
paciência e resig nação as tribulações desta vida, 
e afasta do pensamento do suicídio, pensamento 
que se repele naturalmente quando se lhe vê as 
conseqüências: eis porque aqueles que 
penetraram esses mistérios estão felizes com 
isso; é para eles uma luz que dissipa as trevas e 
as angústias da dúvida.

Se considerarmos agora a moral ensinada pelos 
Espíritos superiores, ela é toda evangélica, é 
dizer tudo: prega a caridade cristã em toda a sua 
sublimidade; faz mais, mostra a necessidade 
para a felicidade presente e futura, porque as 
conseqüências do bem e do mal que fizermos 
estão ali diante dos nossos olhos. Conduzindo os 
homens aos sentimentos de seus deveres 
recíprocos, o Espiritismo neutraliza o efeito das 
doutrinas subversivas da ordem social.

Essas crenças não podem ser um perigo para a 
razão?



Todas as ciências não forneceram seu 
contingente às casas de alienados? É preciso 
condená-las por isso? As crenças religiosas não 
estão ali largamente representadas? Seria justo, 
por isso, proscrever a religião? Conhecem-se 
todos os loucos que o medo do diabo produziu? 
Todas as grandes preocupações intelectuais 
levam à exaltação, e podem reagir 
lastimavelmente sobre um cérebro fraco; teria 
fundamento ver-se no Espiritismo um perigo 
especial a esse respeito, se ele fosse a causa 
única, ou mesmo preponderante, dos casos de 
loucura. Faz-se grande barulho de dois ou três 
casos aos quais não se daria nenhuma atenção 
em outra circunstância; não se levam em conta, 
ainda, as causas predisponentes anteriores. Eu 
poderia citar outras nas quais as idéias espíritas, 
bem compreendidas, detiveram o 
desenvolvimento da loucura. Em resumo, o 
Espiritismo não oferece, sob esse aspecto, mais 
perigo que as mil e uma causas que a produzem 
diariamente; digo mais, que ele as oferece muito 
menos, naq uilo que ele carrega em si mesmo 
seu corretivo, e que pode, pela direção que dá às 
idéias, pela calma que proporciona ao espírito 
daqueles que o compreende, neutralizar o efeito 
de causas estranhas. O desespero é uma dessas 
causas; ora, o Espiritismo, fazendo-nos encarar 
as coisas mais lamentáveis com sangue frio e 
resignação, nos dá a força de suportá-las com 
coragem e resignação, e atenua os funestos 
efeitos do desespero.

As crenças espíritas não são a consagração das 
idéias supersticiosas da Antigüidade e da Idade 
Média, e não podem recomendá-las?

As pessoas sem religião não taxam de 
superstição a maioria das crenças religiosas? 
Uma idéia não é supersticiosa senão porque ela é 
falsa; cessa de sê-lo se se torna uma verdade. 
Está provado que, no fundo da maioria das 
superstições, há uma verdade ampliada e 
desnaturada pela imaginação. Ora, tirar a essas 
idéias todo seu aparelho fantástico, e não deixar 
senão a realidade, é destruir a superstição: tal é 
o efeito da ciência espírita, que coloca a nu o que 
há de verdade ou de falso nas crenças populares. 
Por muito tempo, as aparições foram vistas como 
uma crença supersticiosa; hoje, que são um fato 
provado, e, mais que isso, perfeitamente 
explicado, elas entram no domínio dos 
fenômenos naturais. Seria inútil condená-las, 
não as impediria de se produzirem; mas aqueles 
que delas tomam conhecimento e as 
compreendem, não somente não se amedrontam, 
mas com elas ficam satisfeitos, e é a tal ponto 
que aqueles que não as têm desejam tê-las. Os 
fenômenos incompreendidos deixam o camp o 
livre à imaginação, são a fonte de uma multidão 
de idéias acessórias, absurdas, que degeneram 
em superstição. Mostrai a realidade, explicai a 
causa, e a imaginação se detém no limite do 
possível; o maravilhoso, o absurdo e o impossível 
desaparecem, e com eles a superstição; tais são, 
entre outras, as práticas cabalísticas, a virtude 
dos sinais e das palavras mágicas, as fórmulas 
sacramentais, os amuletos, os dias nefastos, as 
horas diabólicas, e tantas outras coisas das quais 
o Espiritismo, bem compreendido, demonstra o 
ridículo.

Tais são, Príncipe, as respostas que acreditei 
dever fazer às perguntas que me haveis dado a 
honra em me endereçar, feliz se elas podem 
corroborar as idéias que Vossa Alteza já possui 
sobre essas matérias, e vos levar a aprofundar 
uma questão de tão alto interesse; mais feliz 
ainda se meu concurso ulterior puder ser para 
vós de alguma utilidade.

Com o mais profundo respeito, sou, de Vossa 
Alteza, o muito humilde e muito obediente 
servidor,

Allan Kardec
Fonte:http://www.oespiritismo.com.br/textos/ver.php?id1=378