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quarta-feira, 31 de julho de 2013

A função dos centros de força

Bernardino da Silva Moreira
Começaremos com o centro genésico, conhecido dos teosofistas, como chakra fundamental. (Nas funções concernentes a cada centro, só serão dadas as mais importantes, principalmente as que não sejam objeto de polêmicas, entre os estudiosos do assunto).
Segundo o instrutor Clarêncio, o centro genésico seria o local onde estaria situado “o santuário do sexo”, que teria como função basilar, dentre outras, a de servir “como templo modelar de formas e estímulos.”1
Joana de Ângelis através de Divaldo P. Franco, (o canário da terra chamada Brasil, que com sua oratória brilhante, faz renascer do Cristianismo as verdades consoladoras do Espiritismo), acredita, também, que o centro em destaque, seja o responsável pela reprodução, e gerador de “recursos para o perfeito entrosamento dos seres na construção dos ideais de engrandecimento e beleza em que se movimenta a Humanidade.”2
O centro gástrico “se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização.”3
Joana de Ângelis, observa que além de conduzir os processos digestivos, na assimilação de energias vitalizantes, tem o respectivo centro a função de eliminar os detritos “dos alimentos encarregados da manutenção do corpo.”4
Jorge Andréia em seus estudos sobre a “Energia do Psiquismo”, concluiu que o centro gástrico teria “sob sua custódia a absorção dos alimentos como resultado do trabalho químico do aparelho digestivo, onde as funções hepáticas representariam sua grande manifestação.”5
O centro esplênico “está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos.”6
É também o mencionado centro “que se responsabiliza pelo labor da aparelhagem hemática, controlando o surgimento e morte das hemáceas, volume e atividade, na manutenção da vida.”7
O centro cardíaco é o ostentador das atividades “da emoção e do equilíbrio em geral”8, principalmente “pela aparelhagem circulatória”9, também, “dando orientação aos fenômenos desencadeados nesta área do sistema autônomo (nó de Keit-Flack e His).”10
O centro laríngeo tem como função basilar, a de presidir “aos fenômenos vocais, inclusive as atividades do timo, da tireóide e das paratireóides.”11 É também o referido centro o controlador dos fenômenos da respiração.”12
O centro cerebral “ordena as percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber. É no centro cerebral que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos.”13 É este centro responsável “pela transformação dos neuroblastos em neurônios”, também, “comandando desde os neurônios às células efetoras.”14
O centro coronário é o veículo de expressão máxima “por ser o mais significativo em razão do seu auto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Este centro recebe em primeiro lugar os estímulos do Espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em justo regime de interdependência. Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma.”15
Não citaremos outros autores, devido a concordância existente entre eles e o autor das linhas acima, que acreditamos sintetizar de forma clara e objetiva todas as teorias existentes sobre a questão.

Bibliografia:

1) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
2) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
3) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
4) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
5) Energética do Psiquismo, Jorge Andréia, Editora Caminho da Libertação, 2ª edição, 1976, pág. 103
6) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
7) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
8) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
9) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
10) Energética do Psiquismo, Jorge Andréia, Editora Caminho da Libertação, 2ª edição, 1976, pág. 103
11) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
12) Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
13) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 127
14) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
15) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 127
Fonte:
Bernardino da Silva Moreira
Começaremos com o centro genésico, conhecido dos teosofistas, como chakra fundamental. (Nas funções concernentes a cada centro, só serão dadas as mais importantes, principalmente as que não sejam objeto de polêmicas, entre os estudiosos do assunto).
Segundo o instrutor Clarêncio, o centro genésico seria o local onde estaria situado “o santuário do sexo”, que teria como função basilar, dentre outras, a de servir “como templo modelar de formas e estímulos.”1
Joana de Ângelis através de Divaldo P. Franco, (o canário da terra chamada Brasil, que com sua oratória brilhante, faz renascer do Cristianismo as verdades consoladoras do Espiritismo), acredita, também, que o centro em destaque, seja o responsável pela reprodução, e gerador de “recursos para o perfeito entrosamento dos seres na construção dos ideais de engrandecimento e beleza em que se movimenta a Humanidade.”2
O centro gástrico “se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização.”3
Joana de Ângelis, observa que além de conduzir os processos digestivos, na assimilação de energias vitalizantes, tem o respectivo centro a função de eliminar os detritos “dos alimentos encarregados da manutenção do corpo.”4
Jorge Andréia em seus estudos sobre a “Energia do Psiquismo”, concluiu que o centro gástrico teria “sob sua custódia a absorção dos alimentos como resultado do trabalho químico do aparelho digestivo, onde as funções hepáticas representariam sua grande manifestação.”5
O centro esplênico “está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos.”6
É também o mencionado centro “que se responsabiliza pelo labor da aparelhagem hemática, controlando o surgimento e morte das hemáceas, volume e atividade, na manutenção da vida.”7
O centro cardíaco é o ostentador das atividades “da emoção e do equilíbrio em geral”8, principalmente “pela aparelhagem circulatória”9, também, “dando orientação aos fenômenos desencadeados nesta área do sistema autônomo (nó de Keit-Flack e His).”10
O centro laríngeo tem como função basilar, a de presidir “aos fenômenos vocais, inclusive as atividades do timo, da tireóide e das paratireóides.”11 É também o referido centro o controlador dos fenômenos da respiração.”12
O centro cerebral “ordena as percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber. É no centro cerebral que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos.”13 É este centro responsável “pela transformação dos neuroblastos em neurônios”, também, “comandando desde os neurônios às células efetoras.”14
O centro coronário é o veículo de expressão máxima “por ser o mais significativo em razão do seu auto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Este centro recebe em primeiro lugar os estímulos do Espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em justo regime de interdependência. Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma.”15
Não citaremos outros autores, devido a concordância existente entre eles e o autor das linhas acima, que acreditamos sintetizar de forma clara e objetiva todas as teorias existentes sobre a questão.

Bibliografia:

1) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
2) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
3) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
4) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
5) Energética do Psiquismo, Jorge Andréia, Editora Caminho da Libertação, 2ª edição, 1976, pág. 103
6) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
7) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
8) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
9) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
10) Energética do Psiquismo, Jorge Andréia, Editora Caminho da Libertação, 2ª edição, 1976, pág. 103
11) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 128
12) Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
13) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 127
14) Estudos Espíritas, Joana de Ângelis, FEB, 2ª edição, 1982, pág. 43
15) Entre a Terra e o Céu, André Luiz, FEB, 2ª edição, 1978, pág. 127
Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/bernardino/a-funcao-dos-centros.html

Transe, animismo e mediunismo - Pedro da Fonseca Vieira


“(...) Um Espírito, que não o do médium, pode ser de ordem inferior à deste e, então, falar menos sensatamente” (O Livro dos Médiuns, Parte II, item 223-5).
O termo animismo não é novo, sempre permeia discussões de estudos mediúnicos nos Centros Espíritas – mas o que é o animismo? É um mal que deve ser combatido – como se ouve vez por outra? Pode ser desenvolvido e ser colocado a serviço do bem? Pode ajudar no exercício mediúnico?
Animismo é a denominação geral de todos os fenômenos psíquicos que têm por origem a alma, ou seja, o Espírito encarnado (vide O Livro dos Espíritos, questão 134), agente desses fenômenos. Mediunismo, por outro lado, é a designação geral de todos os fenômenos psíquicos que têm por origem outros Espíritos (encarnados ou desencarnados) e que se tornam perceptíveis pela ação de um médium, pessoa que atua como “meio ou intermediário entre os Espíritos e os homens” (vide O Livro dos Espíritos, introdução IV). Exemplos de fenômenos tipicamente anímicos são a psicometria (percepção de fatos a partir de objetos), a leitura de pensamentos, a pirogenia (combustão espontânea), a emancipação da alma e a clarividência. Por outro lado, podemos citar outros tipicamente mediúnicos como: a psicografia, a psicofonia, a possessão (ou incorporação), a pneumatografia (escrita direta), a pneumatofonia (fala direta) e a materialização dos Espíritos.
Existe animismo sem mediunismo? “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. Esta citação é de O Livro dos Espíritos, questão 459, a partir da qual entendemos que, de ordinário, não há fenômeno anímico que não tenha a participação efetiva dos desencarnados, o que equivale a dizer que o animismo puro é uma situação excepcional.
E mediunismo sem animismo, é possível? “Dessas explicações resulta, ao que parece, que o Espírito do médium nunca é completamente passivo? É passivo, quando não mistura suas próprias idéias com as do Espírito que se comunica, mas nunca é inteiramente nulo. Seu concurso é sempre indispensável, como o de um intermediário (...)”. Essa colocação é vista em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XIX, item 223-10. Por ela podemos compreender que não há fenômeno mediúnico, seja de que natureza for, que não tenha a participação, mais ou menos forte, do médium, o que, analogamente, significa que o mediunismo puro também é uma abstração. Em suma, o que existem são fenômenos predominantemente mediúnicos ou predominantemente anímicos.
Essa dificuldade de isolar os dois conceitos foi a justificativa dada por pesquisadores para o uso do termo medianimismo, ou medianimidade, tal qual foi citado por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XXXII como sinônimo de mediunidade, mas “no sentido restrito”, ou seja, poderíamos dizer, no sentido prático do fenômeno mediúnico, mostrando que esta nunca está desvinculada do animismo.
Em todos os acontecimentos medianímicos, indistintamente, o médium/anímico entra num estado especial citado pelos Espíritos em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XIX, item 223: “No momento em que exerce a sua faculdade, está o médium em estado perfeitamente normal?” “Está, às vezes, num estado, mais ou menos acentuado, de crise”. Por conta da acepção negativa do termo “crise”, modernamente, sem perda de significado, adotou-se o termo “transe”, muito embora ainda pouco estudado. É, por definição, um movimento anímico, ou seja, um estado pertinente ao próprio Espírito encarnado, e constitui a base fundamental de todos os fenômenos psíquicos. Seu estudo e conhecimento seriam de importância capital para a melhora das práticas medianímicas no Centro Espírita. Sem buscar esgotar o assunto, vamos tratar de algumas de suas características.
Podemos entender o transe como uma série de alterações físicas (principalmente nervosas) e perispirituais que permitem certo grau de emancipação da alma. Essa fase, eminentemente anímica, antecede e predispõe o sensitivo a toda uma gama de fenômenos psíquicos que dela dependem, sejam estes anímicos ou mediúnicos. Uma descrição desse processo foi dada pelo Espírito Erasto em O Livro dos Médiuns com respeito aos médiuns de efeitos físicos: “Quem deseja obter fenômeno desta ordem precisa ter consigo médiuns a que chamarei sensitivos, isto é, dotados, no mais alto grau, das faculdades mediúnicas de expansão e de penetrabilidade, porque o sistema nervoso facilmente excitável de tais médiuns lhes permite, por meio de certas vibrações, projetar abundantemente, em torno de si, o fluido animalizado que lhes é próprio”.
O transe tem diferentes graus de profundidade, o que pode ser facilmente verificado pelos níveis de consciência física que o médium/anímico mantém durante a comunicação/percepção. Em O Livro dos Médiuns, Parte II, Capítulo XV, vemos três níveis de consciência que, podemos dizer, correspondem a três níveis de transe. O superficial distingue-se pouco do estado normal e corresponde à mediunidade intuitiva. O intermediário ou mediano permite que o Espírito que se comunica traga algumas de suas características com a contrapartida da perda parcial de consciência por parte do médium, correspondendo à mediunidade semi-consciente, ou semi-mecânica no caso específico da psicografia. O nível profundo de transe – mais raro hoje em dia – viabiliza uma percepção quase completa de anulação da personalidade do médium e da presença do comunicante, o que verificamos pela mudança de letra na psicografia, da voz na psicofonia, dos gestos na possessão (ou incorporação), permitindo, por exemplo, a passagem de detalhes e datas, bem como comunicação por meio de línguas estranhas ao médium. Observamos, também, no nível mais profundo, a perda total de consciência física por parte do médium, correspondendo à mediunidade inconsciente, sonambúlica ou mecânica.
A origem do transe pode ser também variada, podendo este ser provocado ou natural. Dizemos que o transe é provocado quando a causa principal de seu acontecimento não reside na própria alma – por exemplo, por efeito de ação magnética, de ação de Espíritos desencarnados ou do uso de algumas drogas (neste último caso, desequilibrado, imperfeito, perigoso e inútil em função do entorpecimento gerado). Natural quando nasce da concentração do Espírito encarnado numa direção bem definida, em atitudes naturais da vida, ou sob seu direto controle. Recomendamos fortemente o estudo detido da obra: “Transe e mediunidade” para maiores esclarecimentos (ver recomendações bibliográficas ao fim).
Será que animismo e mediunismo podem andar de mãos dadas? Dia 01/10/2005, no Centro Espírita Cristófilos, no Rio de Janeiro, o Espírito Ayres de Oliveira nos trouxe essa reflexão, situando o movimento anímico como importante para a qualidade da prática mediúnica: “É de fundamental importância que compreendam, de forma correta, as fases por que passam todos vocês em uma reunião como essa. Podemos dividi-las em três: preparação, busca e vibração. (...) A próxima fase é a da busca, ou a fase predominantemente anímica, é aquela que deve ser melhor desenvolvida ainda se quisermos dar maior ganho à reunião. O foco da maioria dos problemas que se observa nos médiuns está nesta fase. Este momento é o do movimento da alma do médium encarnado. Ele, na hora que um nome é chamado, deve fazer um movimento de ir buscar, no Plano Espiritual, as causas e as circunstâncias que envolvem a pessoa que foi chamada. (...) Com esse movimento anímico de todos vocês, o canal para que possamos trazer os Espíritos até aqui torna-se muito mais simples e os médiuns tornam-se muito mais preparados para o exercício da sua função”.
A Casa Espírita está preparada para lidar com o animismo? Deveria, mas aparentemente não é esse, infelizmente, o caso geral. Muito se tem ouvido, nos Centros Espíritas, que o animismo é um mal que precisa ser extirpado e as percepções anímicas em suas reuniões condenadas, perdendo-se, assim, não apenas a possibilidade do uso racional do animismo como da melhora do próprio mediunismo. Trabalhos interessantíssimos com o uso das potencialidades anímicas podem ser desenvolvidos e colocados a serviço das pessoas, tais como os citados nas obras “Laudos espíritas da loucura” e “Evocando os Espíritos” (vide recomendações bibliográficas). Por que não fazê-lo? A questão é de suma importância e merece a reflexão de todos nós.
Para aqueles que ainda pensam no animismo como um mal, resta-nos recorrer à obra A Gênese, de Allan Kardec, em seu Capítulo XV, item 2, onde o maior anímico de todos os tempos é apresentado: “Agiria [Jesus] como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus.”
Finalmente, para mais esclarecimentos sobre o assunto, são recomendados, em ordem, os títulos a seguir:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, LAKE.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, LAKE.
3. PALHANO, Lamartine (Jr.). Transe e mediunidade, Lachâtre.
4. AKSAKOF, Alexander. Animismo e Espiritismo (2 volumes), FEB.
5. BOZZANO, Ernesto. Animismo ou Espiritismo?, FEB.
6. PALHANO, Lamartine (Jr.). Laudos espíritas da loucura, Lachâtre.
7. PALHANO, Lamartine (Jr.). Evocando os Espíritos, Lachâtre.
8. SCHUBERT, Suely Caldas. Os poderes da Mente, EBM Editora.
9. DELANNE, Gabriel. A evolução anímica, FEB.
10. BOZZANO, Ernesto. Os enigmas da psicometria, FEB.
11. BACELLI, Carlos A.; FERNANDES, Odilon (Espírito). Mediunidade e Animismo, LEEP.
Fonte:http://www.espiritismo.net/content,0,0,463,0,0.html

AINDA A QUESTÃO DO ANENCÉFALO (Folha Espírita - Dezembro/2004)

Colegas da AME-Brasil (Associação Médico-Espírita do Brasil) têm se surpreendido, tanto quanto eu mesma, com as colocações de confrades, em conversas nas Casas Espíritas, em artigos na internet, ou mesmo em cartas, a favor do aborto do anencéfalo.
Muitos alegam que o feto nessas condições não possui cérebro, sendo óbvio, portanto, que não tenha nenhum espírito ligado a ele. Este argumento, porém, não tem o respaldo da embriologia. Durante a sua formação, o feto anencéfalo pode ter, por distúrbios ou falhas do sistema vascular, a paralisação do desenvolvimento do Sistema Nervoso Central em pontos distintos. Assim, pode ter um único hemisfério cerebral, não ter nenhum, mas, sem dúvida, terá o diencéfalo ou as estruturas reptilianas responsáveis pelas funções primitivas e inconscientes. Tanto é verdade que o anencéfalo tem todas as atividades instintivas básicas preservadas, como o pulsar do coração e a possibilidade de expandir os pulmões, nos movimentos respiratórios normais. Não se pode dizer, portanto, que ele não tem cérebro, nem tampouco que morre ou pára de respirar ao nascer. Há inúmeros anencéfalos que persistem vivos por horas ou dias, após o nascimento, mesmo desconectados do cordão umbilical, justamente porque possuem o cérebro primitivo, responsável pelas funções básicas instintivas.
Perante o anencéfalo é como se estivéssemos diante de uma pessoa adulta em estado de coma profundo: o coração bombeia, os pulmões recebem a carga necessária, os órgãos trabalham, mas ele não tem consciência.
Com o Espiritismo aprendemos que a alma secreta os pensamentos de maneira extra-física e é muito mais importante que o próprio cérebro orgânico, porque o comanda, ainda que precariamente nos casos de lesões graves, sobrevivendo à sua morte. É o que acontece nos vários graus do estado de coma.
Se somos espíritas, a explicação para os fetos anencéfalos é muito mais lógica e racional. Não podemos nos esquecer de que só o Espírito tem capacidade de agregar matéria. Se não tivesse um Espírito no comando, o anencéfalo não poderia formar os seus próprios órgãos - e o fazem a tal ponto que eles são cogitados para transplantes -, não cumpriria o seu metabolismo basal, e não teria preservadas as suas funções vitais.
O Espírito expressa-se através do perispírito ou do corpo espiritual e este, por sua vez, modela o corpo físico. Se há erros ou deficiências na modelagem, isto significa que o Espírito deformou o seu perispírito por problemas cármicos ou faltas cometidas em outras vidas. Assim como podem ocorrer deficiências nos mais variados órgãos, a questão não é diferente em relação ao cérebro.
No caso do anencéfalo, o perispírito está lesado, principalmente, em seu chacra ou centro de força cerebral que é responsável pela percepção (visão, audição, tato etc), pela inteligência (palavra, cultura, arte, saber) e atua no córtex. O Espírito com este tipo de má-formação errou, portanto, na aplicação da inteligência e da percepção.
Os confrades favoráveis ao aborto do anencéfalo alegam que nele não há Espírito destinado à reencarnação conforme explica O Livro dos Espíritos. Aqui, detectamos um erro clássico, não se pode basear unicamente em uma resposta dos Instrutores Espirituais. Levantemos todas as respostas que eles nos dão acerca da formação dos seres humanos e destaquemos as mais importantes para a elucidação deste assunto.
Na questão 344, eles afirmam que a união da alma com o corpo dá-se no momento da concepção; um pouco mais adiante, na de nº 356, advertem que há corpos para os quais nenhum Espírito está destinado, explicando que isto acontece como prova para os pais. E ainda no desdobramento desta questão enfatizam que a criança somente será um ser humano se tiver um espírito encarnado. Se juntarmos todas estas respostas, concluiremos que os corpos para os quais poderíamos afirmar que nenhum espírito estaria destinado seriam os dos fetos teratológicos, monstruosos, que não têm nenhuma aparência humana, nem órgãos em funcionamento. Como vimos, nada disto se aplica ao anencéfalo, porque o espírito comanda, ainda que precariamente, um organismo vivo.
Carma
Há ainda outros equívocos no raciocínio dos que são favoráveis ao aborto. Alguns ponderam que, tendo a mãe ou o casal nascido numa época em que a ciência já pode detectar prematuramente o problema, eles teriam o direito de evitar esse carma, promovendo o aborto. Aqui, a pergunta é inevitável: desde quando se evita o carma ou o sofrimento, provocando a morte de um ser indefeso?
Jamais o aborto aliviará o carma de alguém, muito pelo contrário, somente o agravará. Só haveria um meio de se adiar esse carma, seria pelo impedimento da concepção, porque, quando a vida se manifesta no zigoto, entra em jogo um Poder Superior, que é responsável por ela, e ao qual devemos obediência e respeito.
O raciocínio, portanto, deve ser outro: diante do feto deficiente, é preciso que os pais pensem no grau de comprometimento que têm para com esta alma doente, e nos esforços que devem empreender para ajudá-la a recuperar-se. Também não há nenhuma razão para se invocar direitos que não existem, como o da mãe, o do pai, o da equipe médica ou o do Estado, de provocar o aborto, porque o anencéfalo constitui-se em um organismo humano vivo. Eliminá-lo, portanto, é crime.
A consciência responde-nos, portanto, que a única atitude compatível com a Lei do Amor é a da misericórdia, a da compaixão, para com o feto anencéfalo. 
* Marlene Nobre é presidente das associações médico-espíritas Internacional e do Brasil

Tentações Afetivas

Esta sede insaciável de prazer renovado, leva-te ao desequilíbrio. 
Essa busca irrefreável de afeto que te plenifique, conduz-te ao abismo da loucura. 
Tal ansiedade por encontrar quem te compreenda e apóie, oferecendo-te segurança integral, empurra-te para os precipícios dos vícios dissolventes. 
A pressa de encontrar quem esteja disposto a doar-te ternura, afasta os corações que pretendem ajudar-te, porque em faixa afetiva diferente eles se te afeiçoam em espírito, enquanto vibras outra forma de necessidade. 
A insatisfação, face ao muito que desfrutas, gera em ti distúrbio lamentável de comportamento, que ameaça a tua vida. 
O que falta, a qualquer pessoa, é resultado do seu mau uso em oportunidade transata. 
Carência de hoje, foi desperdício de ontem. 
Ninguém há, que se encontre, na Terra, completo e realizado. 
Na área da afetividade, a cada momento defrontamos amores eternos que depois se convertem em pesadelos de ódio e crime. 
Muitas promessas "para toda a vida", às vezes, duram uma emoção desgastante e frustradoras. 
Sorrisos e abraços, júbilos infindos de um momento, tornam-se, sem motivo aparente, carantonhas de rancor, agressões violentas e amarguras sem nome. 
Tudo, no mundo corporal, é transitório, forma de aprendizagem para vivências duradouras, posteriormente. 
Assim, evita sonhar, acalentando esperanças absurdas, nas quais pretendes submeter os outros aos teus caprichos pessoais, que também passarão com rapidez. 
O que agora te parece importante, mais tarde estará em condição secundária. 
Ontem aspiraste determinada conquista que, lograda, hoje não te diz mais nada.
Se desejas o amor de plenitude, canaliza as tuas forças para a caridade, transformando as tuas ansiedades em bem-estar noutros muito mais necessitados do que tu. 
Não desvies a tônica da tua afetividade, colocando sentimentos imediatistas, que te deixarão ressaibos de desgostos e travos de fel. 
A outra, a pessoa que, por enquanto, consideras perfeita e capaz de completar-te, é tão necessitada quanto o és tu. 
Na ilusão, adornas-lhe o caráter, para descobrir, mais tarde, o ledo engano. 
Conserva puro o teu afeto em relação ao próximo e não te facultes sonhos e fantasias. 
Aquilo que mereces e de que necessitas, chegará no seu momento próprio. 
Reencarnaste para aprender e preparar o futuro, não para fruir e viver em felicidade que ainda não podes desfrutar. 
Cuidado, portanto, com as aspirações-tentações, que se podem converter em sombras na mente e em sofrimentos incontáveis para o coração. 

Afirmou Jesus, que os Seus "discípulos seriam conhecidos por muito se amarem", sem que convertessem esse sentimento-luz em grilhão-treva de paixão. 


Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Do livro: Vigilância.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Respeitemos a vida. Eutanásia, não!

A Federação Espírita Brasileira publicou e tem distribuído às instituições espíritas do País um interessante opúsculo intitulado Respeitemos a vida. Eutanásia, não!. Trata-se de um esforço no sentido do esclarecimento das pessoas que defendem a prática da eutanásia mais por desconhecimento das leis divinas do que por maldade. Como alerta o documento logo no prefácio, tais pessoas justificam seus pontos de vista “invocando piedade frente aos atrozes sofrimentos  alheios  nos  leitos  de  agonia  e de
padecimentos físicos”.
A pergunta que se faz então, em momentos como esses: Será permitido ao homem destruir o que não pode criar?
O livreto da FEB contém, além do prefácio, treze diferentes textos, a seguir enumerados:
  • Enfoque da Codificação Espírita (O Livro dos Espíritos, questão 953)
  • Dever-se-á pôr termo às provas do próximo? (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 27)
  • Será lícito abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura?(Idem, cap. V, item 28)
  • Sobre a vida (Reformador, janeiro de 1994, p. 4, artigo de Juvanir Borges de Souza)
  • Condenação à eutanásia (O Consolador, pergunta 106, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier)
  • Junto a um leito de dor (Sexo e Destino, cap. 7, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
  • Sofrimento e eutanásia (Religião dos Espíritos, pp. 59 e 60, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier)
  • Expiação (Reformador, outubro de 1994, p. 297, artigo de Weimar Muniz de Oliveira)
  • Ante moribundos (Temas da Vida e da Morte, pp. 73 a 76, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Franco)
  • Eutanásia, nunca! (Reformador, dezembro de 1990, mensagem de Vianna de Carvalho, psicografada por Divaldo Franco)
  • Espiritismo e eutanásia (O Pensamento de Emmanuel, pp. 178 e 179,  de Martins Peralva)
  • Eutanásia (Reformador, outubro de 1994, p. 297, artigo de Weimar Muniz de Oliveira)
  • Não matarás (O Sermão da Montanha, pp. 70 e 71, de Rodolfo Calligaris).
 O caso Diane Pretty
Todas as pessoas que lerem os textos acima não sairão da leitura com dúvida alguma a respeito do tema, ou seja, que não devemos “abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar maiores lágrimas no futuro”, conforme a orientação do Espírito de São Luís (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.    V,    item    28),    confirmada  por
Emmanuel na resposta dada à pergunta 106 do livro O Consolador: “O  homem não tem o direito de praticar a eutanásia, em caso algum, ainda que a mesma seja a demonstração aparente de medida benfazeja”.
Permitimo-nos, no entanto, tecer outras considerações a respeito do assunto.
É preciso inicialmente lembrar que diversas tentativas têm sido feitas no mundo para legalizar a eutanásia, um tema que vem produzindo polêmicas desde 1903, quando o Parlamento da Alemanha vetou proposta nesse sentido. Dez anos atrás, em 1997, o Estado americano do Oregon aprovou iniciativa semelhante, mas a Suprema Corte dos Estados Unidos impediu que o assunto prosperasse, dada a sua flagrante inconstitucionalidade.
Ao que se sabe, o primeiro país a legalizar a eutanásia foi a Holanda e seus defensores, ao elogiarem a medida, justificaram-se dizendo que a lei holandesa era importante e mesmo muito boa porque, segundo seus termos, só alcança adultos com doenças incuráveis e que estejam sofrendo de forma insuportável. Por que, então, negar-lhes o desejo de morrer, se é isso que eles realmente querem?
Na mesma ocasião em que a Holanda aprovava a eutanásia, a Justiça britânica teve de manifestar-se diante do caso Diane Pretty, cuja história causou comoção especialmente na Europa. Diane, aos 42 anos de idade, sofria de uma doença degenerativa desde 1999. Paralítica do pescoço para baixo, vivia em uma cadeira de rodas, mal conseguia falar e era alimentada por um tubo. Segundo o marido, Brian, com quem estava casada havia 25 anos, a mulher se encontrava em estado terminal, conquanto sua capacidade mental, de acordo com os médicos, não estivesse afetada.
Diane recorreu, então, à Justiça para ter o direito de morrer com a ajuda de Brian – uma ajuda que atende pelo nome de eutanásia ativa – mas teve o pedido negado pela Alta Corte da Inglaterra, onde a eutanásia é proibida. No veredicto da Justiça disseram os juízes que os direitos humanos correspondem a “viver com dignidade e não a morrer com dignidade”.
No campo da chamada eutanásia passiva, numa sentença que ficará com certeza assinalada na história da Inglaterra, a juíza Elizabeth Butler-Sloss, atendendo à vontade de uma mulher tetraplégica, determinou fosse interrompido o funcionamento da máquina que a mantinha viva. A paciente, de 43 anos, havia ficado paralisada do pescoço para baixo em conseqüência da ruptura de um vaso sangüíneo e não conseguia respirar sem ajuda de aparelhos. Os médicos que a atendiam afirmaram que a suspensão do funcionamento dos equipamentos de manutenção feria de forma frontal o código de ética médica; por isso, manifestaram-se contra o pedido. Deborah Annetts, diretora da Sociedade de Eutanásia, considerou a sentença como a vitória do bom senso, enquanto os oponentes da chamada morte piedosa viram nessa decisão um precedente perigoso.
A eutanásia não passa de uma fuga
Os que apóiam decisões como a da juíza Butler-Sloss entendem que ninguém pode opor-se à efetiva vontade do paciente. Foi o que a Corte britânica fez. Como divulgado pelos jornais, os magistrados foram até o leito hospitalar para ouvir a enferma pedir: “Eu quero poder morrer”.  
Os adversários da medida, em contraste a esse pensamento, opõem uma objeção importante, que é a possibilidade concreta de que problemas como o da mulher tetraplégica possam ser resolvidos com os avanços tecnológicos que vêm enriquecendo de forma crescente os tratamentos médicos.
Evidentemente, nada se pode fazer quanto a uma pessoa que decide matar-se, supondo-se que ela possa atentar contra a própria vida sem auxílio externo. O suicídio, diante das leis humanas, esgota-se no próprio ato. Nenhum tribunal pode punir o suicida. Cousa diferente se passa quando se analisa o assunto à luz da justiça divina, fato que escapa à competência dos juízes terrenos e penetra a esfera das concepções religiosas.
De acordo com a lei natural, o suicídio não passa, numa perspectiva espírita, de um equívoco que só sofrimentos traz àquele que o busca, sem resolver problema algum. A eutanásia, que, felizmente, não é admitida pela legislação brasileira, é outro equívoco que uma pessoa equilibrada jamais aconselhará a um ente querido.
Ninguém – ensinou-nos Jesus – carrega um fardo superior às próprias forças. Interromper a marcha de uma prova ou de uma expiação anula seus efeitos e obriga o indivíduo a repeti-la. Como não queremos tal cousa para nós, é injusto propô-la ou permiti-la àqueles que nos cercam.
Viemos à Terra num corpo material para progredirmos tanto no aspecto intelectual quanto no aspecto moral. Uma boa formação educacional é tão valiosa para o crescimento humano quanto viver no interior de uma selva assistindo os nativos. Há os que brilham nas academias do mundo, mas há os que crescem no leito de um hospital. A eutanásia não passa de uma fuga e, como toda e qualquer fuga, não pode ter o beneplácito das potências espirituais que guiam o planeta. Ninguém premia o desertor, mas é costume humano premiar o herói que cai no front sob as balas do inimigo.
Morrer com dignidade é, ao contrário do que os materialistas pensam, enfrentar todas as agruras de uma existência difícil, com os olhos postos no futuro brilhante que – ninguém duvide – há de suceder aos maus momentos da nossa caminhada.

Esperanto

O Esperanto no Movimento Espírita Brasileiro

 

A iniciativa de chamar a atenção dos espíritas para o Esperanto nós a devemos ao vulto ímpar de Leopoldo Cirne, quando, no exercício da presidência da Federação, faz publicar importante manifestação de espíritas franceses a respeito do idioma que, então, contava apenas 22 anos de existência.
A argumentação contida nesse documento permanece atualíssima, destacando-se, sobretudo, um elemento de inspiração mais tarde cabalmente confirmado, isto é, o fato de que o Esperanto nasceu no plano espiritual para solucionar problema linguístico lá existente. Juntamente com as mensagens A Missão do Esperanto, do Espírito Emmanuel, e O Esperanto como Revelação, do Espírito Francisco Valdomiro Lorenz, ambas recebidas psicograficamente por Francisco Cândido Xavier, respectivamente em 19.1.40 e 19.1.59, o artigo transcrito em Reformador de 15 de fevereiro de 1909 compõe a tríade inspiradora das realizações esperantistas nos círculos espíritas do Brasil.
Eis a íntegra do escrito da autoria de J. Camille Chaigneau que, segundo Reformador, havia sido impresso em 1908, na revista de Gabriel Delanne, e posteriormente reproduzido por La Vie d’Outre Tombe, de Charleroi, com o título O Esperanto e o Espiritismo:
“O Esperanto é uma língua artificial criada pelo Dr. Zamenhof, contando aderentes no mundo inteiro (mais de 80.000) e afirmando a sua vitalidade crescente, os seus progressos imensos em reuniões de Congressos notáveis, pela sua facilidade e seus méritos intrínsecos.
Existe a seu favor um argumento que tudo resolve: é falado.
Não ameaça qualquer língua nacional e foi escolhido por uma comissão de sábios como língua auxiliar internacional, recomendável à adoção nos diferentes países. Por isso, a maior parte dos movimentos de caráter universal começaram a servir-se do Esperanto.
Os documentos mais importantes vindos dos mais diversos países do mundo podem ser concentrados em uma revista comum, e, graças a uma língua neutra, ser postos ao alcance de todos os que estudam uma mesma ordem de questões. Pensando na quantidade de fatos que a nós espíritas nos escapam por falta de tradução, na demora que essa mesma tradução traz à nossa documentação, parece que o Espiritismo deve ter todo o interesse em constituir uma revista central em que os fatos mais salientes possam vir grupar-se, graças a uma língua comum a todos os países.
É preciso, pois, que o Espiritismo aproveite essas vantagens. Somente o fato de se servir do Esperanto estabelece um laço fraterno entre todos os esperantistas e favorece a intercomunicação das doutrinas escritas ou faladas. É de absoluta utilidade para toda ideia sincera.
A adesão de uma coletividade ao Esperanto é uma força de engrandecimento para esta língua, mas, em compensação, essa coletividade goza da força comunicativa intrinsecamente contida no Esperanto.
Se quiséssemos procurar a gênese dessa língua, verificaríamos que ela aparece como um fato de colaboração com o Invisível.
Essa impersonalidade constitui a sua superioridade; essa assistência faz a sua força de atração.
Todos aqueles que trabalham no campo do progresso concorrerão para esta obra tão bela e tão fecunda à aproximação dos homens. O Esperanto possui a chama da fraternidade; ele viverá.
Compete aos espíritas aproveitar as suas aspirações vivificantes e dar-lhes um reforço de vitalidade.”
*
O crescimento da família espírita mundial, impondo a necessidade das relações entre os movimentos de diferentes nações, deu-lhes mais nítida consciência do problema linguístico com todo o seu cortejo de prejuízos materiais e espirituais. E o instrumento para que tal obstáculo seja facilmente removido está às mãos.
Como seria natural, aos espíritas brasileiros coube a tarefa de, acolhendo a nobre criação de Zamenhof, cultivá-la, difundi-la, utilizá-la em seus círculos, para que, no momento oportuno, os confrades de outras terras tivessem facilitada a sua adoção.
Cumpramos, pois, agora mais essa etapa do programa relativo ao Esperanto nos círculos do Espiritismo. Estendamo-lo aos nossos irmãos de outros continentes, façamos dele a nossa língua comum para as relações internacionais, e certamente conheceremos um surto de progresso digno de um ideal universalista como é o Espiritismo Cristão.