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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Autodescobrimento

Muito antes da valiosa contribuição dos psiquiatras e psicólogos humanistas e transpessoais, quais Jubler Ross, Grof, Raymond Moody Júnior, Maslow, Tart, Viktor Frankl, Coleman e outros, que colocaram a alma como base dos fenômenos humanos, a psicologia espírita demonstrou que, sem uma visão espiritual da existência física, a própria vida permaneceria sem sentido ou significado.

O reducionismo, em psicologia, torna o ser humano um amontoado de células sob o comando do sistema nervoso central, vitimado pelos fatores da hereditariedade e pelos caprichos aberrantes do acaso.

A saúde e a doença, a felicidade e a desdita, a genialidade e as patologias mentais, limitadoras e cruéis, não passam de ocorrências estúpidas da eventualidade genética.

Assim considerado, o ser humano começaria na concepção e anular-se-ia na morte, um período muito breve para o trabalho que a Natureza aplicou mais de dois bilhões de anos, aglutinando e aprimorando moléculas, que se transformaram em um código biológico fatalista...

Por outro lado, a engenharia genética atual, aliando-se à biologia molecular, começa a detectar a energia como fator causal parea a construção do indivíduo, que passa a ser herdeiro de si mesmo, nos avançados processos das experiências da evolução.

Os conceitos materialistas, desse modo, aferrados ao mecanismo fatalista, cedem lugar a uma concepção espiritualista para a criatura humana, libertando-a das paixões animais e dos atavismos que ainda lhe são predominantes.
Inegavelmente, Freud e Jung ensejaram uma visão mais profunda do ser humano com a descoberta e estudo do inconsciente, assim como dos arquéticos, respectivamente, constatando a realidade do Espírito, como explicação para os comportamentos variados dos diferentes indivíduos que, procedentes da mesma árvore genética, apresentam-se fisiológica e psicologicamente opostos, bem e mal dotados, com equipamentos de saúde e de desconserto.

Não nos atrevemos a negar os fatores hereditários, sociais e familiares na formação da personalidade da criança. No entanto, adimos que eles decorrem de necessidades da evolução, que impõem a reencarnação no lugar adequado, entre aqueles que propiciam os recursos compatíveis para o trabalho de auto-iluminação, de crescimento interior.

O lar exerce, sem qualquer dúvida, como ocorre com o ambiente social, significativa influência no ser, cujos ônus serão o equilíbrio ou a desordem moral, a harmonia física ou psíquica correspondente ao estágio evolutivo no qual se encontra.

A necessidade, portanto, do auto descobrimento, em uma panorâmica racional torna-se inadiável, a fim de favorecer a recuperação, quando em estado de desarmonia, ou o crescimento, se portador de valores intrínsecos latentes. Enquanto não se conscientize das próprias possibilidades, o indivíduo aturde-se em conflitos de natureza destrutiva, ou foge espetacularmente para estados depressivos, mergulhando em psicoses de vária ordem, que o dominam e inviabilizam a sua evolução, pelo menos momentaneamente.

A experiência do auto descobrimento faculta-lhe identificar os limites e as dependências, as aspirações verdadeiras e as falsas, os embustes do ego e as imposturas da ilusão.

Remanescem-lhe no comportamento, como herança dos patamares já vencidos pela evolução, a dualidade do negativismo e do positivismo diante das decisões a tomar.

Não identificado com os propósitos da finalidade superior da Vida, quando convidado à libertação dos vícios e paixões perturbadores, das aflições e tendências destrutivas, essa dualidade do negativo e do positivo desenha-se-lhe no pensamento, dificultando-lhe a decisão.

É comum, então, o assalto mental pela dúvida: Isto ou aquilo? A definição faz-se com insegurança e o investimento para a execução do propósito novo diminui ou desaparece face às contínuas incertezas.

Fazem-se imprescindíveis alguns requisitos para que seja logrado o auto descobrimento com a finalidade de bem-estar e de logros plenos, a saber: insatisfação pelo que se é, ou se possui, ou como se encontra; desejo sincero de mudança; persistência no tentame; disposição para aceitar-se e vencer-se; capacidade para crescer emocionalmente.

Porque se desconhece, vitimado por heranças ancestrais - de outras reencarnações -, de castrações domésticas, de fobias que prevalecem da infância, pela falta de amadurecimento psicológico e outros, o indivíduo permanece fragilizado, suscetível aos estímulos negativos, por falta de auto-estima, do auto-respeito, dominado pelos complexos de inferioridade e pela timidez, refugiando-se na insegurança e padecendo aflições perfeitamente superáveis, que lhe cumpre ultrapassar mediante cuidadoso programa de discernimento dos objetivos da vida e pelo empenho em vivenciá-lo.

Inadvertidamente ou por comodidade, a maioria das pessoas aceita e submete-se ao que poderia mudar a benefício próprio, auto punindo-se, e acreditando merecer o sofrimento e a infelicidade com que se vê a braços, quando o propósito da Divindade para com as suas criaturas é a plenitude, é a perfeição.

Dominado pela conduta infantil dos prêmios e dos castigos, o indivíduo não amadurece o eu profundo, continuando sob o jugo dos caprichos do ego, confundindo resignação com indiferença pela própria realização da ocorrência - dor sem revolta, porém atuando para erradicá-la.

Liberando-se das imagens errôneas a respeito da vida, o ser deve assumir a realidade do processo da evolução e vencer-se, superando os fatores de perturbação e de destruição.

Ao apresentarmos o nosso livro aos interessados na decifração de si mesmos, tentamos colocar pontes entre os mecanismos das psicologias humanista e transpessoal com a Doutrina Espírita, que as ilumina e completa, assim cooperando de alguma forma com aqueles que se empenham na busca interior, no auto descobrimento.

Não nos facultamos a ilusão de considerar o nosso trabalho mais do que um simples ensaio sobre o assunto, com um elenco amplo de temas coligidos no pensamento dos eméritos da alma e com a nossa contribuição pessoal.

Uma fagulha pode atear um incêndio.

Um fascículo de luz abre brecha na treva.

Uma gota de bálsamo suaviza a aflição.

Uma palavra sábia guia uma vida.

Um gesto de amor inspira esperança e doa paz.

Esta é uma pequena contribuição que dirigimos aos que sinceramente se buscam, tendo Jesus como Modelo e Terapeuta Superior para os problemas do corpo, da mente e do espírito.

Rogando escusas pela sua singeleza, permanecemos confiantes nos resultados felizes daqueles que tentarem o auto descobrimento, avançando em paz.

Salvador, 30 de novembro de 1994.

Livro: Autodescobrimento: uma busca interior. Psicografia do médium Divaldo Franco
Autor: Joanna de Ângelis (espírito)

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